Mercado Imobiliário

O problema do crédito para incorporadoras?

É provável que nunca se tenha falado tanto da taxa de juros, ao menos não de maneira tão generalizada na sociedade. Aparte de polêmicas e disputas ideológicas, algumas dúvidas e chavões sempre se repetem em uma situação de alto juros-base no Brasil.

Grosso modo, alta taxa básica de juros, ao aumentar o custo do dinheiro para os próprios bancos, acaba por aumentar o custo do crédito como um todo. O maior inimigo das incorporadoras nesse caso é o aumento das taxas do crédito imobiliário que, se encontrava média em 6,98% no início de 2021, alcança 9,41% em janeiro de 2022 e agora 11%.

O impacto imediato de maior relevância para incorporadoras é a queda na velocidade de vendas, no que podemos identificar uma tendência de acirramento do que já se verificou no quarto trimestre de 2022: diminuição do total de vendas, aumento de distratos e consequente aumento do estoque de produtos para as incorporadoras.

Juntamente com outras entidades do setor, a ABRAINC encaminhou neste mês de março proposta ao Bacen de redução do compulsório bancário na ordem de 5%. Trocando em miúdos, ao diminuir a reserva compulsória dos bancos em 5%, 38 bilhões poderiam ser injetados na economia com foco no favorecimento do financiamento imobiliário (https://www.abrainc.org.br/credito-imobiliario/2023/03/13/entidades-pedem-que-bc-reduza-compulsorio-para-liberar-r-38-bi-para-credito-imobiliario)

Segundo a entidade, o montante seria suficiente para que os bancos mantivessem as taxas do último período, possibilitando então o mesmo volume de transações, um forte incentivo ao setor no momento onde a taxa básica se mantém sólida na casa dos 13,75%, com a expectativa de alguns especialistas de quiçá alcançar os 12% ao final do ano.

Um forte argumento de fim social para este incentivo está na relevância do setor da construção como um todo para o emprego no país, de modo que o projeto traria esse benefício ao financiamento de imóveis novos. A expectativa é que se costure uma solução onde o financiamento de imóveis novos possa não ultrapassar em muito a marca dos dois dígitos de taxa, garantindo um volume de operações relevante para o continuado crescimento do setor.

Uma vez que o cenário ainda se desenha, tendências ainda não são claras aos olhos dos incorporadores. Grupos relevantes que competem no mesmo segmento tiveram por vezes resultados drasticamente diferentes – com casos como o da MRV, revertendo todo o lucro do período anterior, saltando aos olhos.

Os baixos juros e o afã comprador notadamente dos anos de 2020 e 2021 prolongou expectativas que devem e precisam ser revistas. É o momento de  Incorporadoras buscarem uma série análise e inteligência de mercado para a projeção de próximos passos, minimizando erros e incertezas.

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